quarta-feira, 30 de junho de 2010

Memorial Descritivo

Acredito que as escolhas na vida não são fáceis, mas em nosso dia-dia fazemos muitas, a todo instante e cada uma delas simboliza a morte de um pensamento, mas o florescer de novas idéias e atitudes. Em nosso viver é necessário deixar fases de nossas vidas no esquecimento e isso pode ser uma tarefa fácil ou difícil. Quando passamos de criança para adolescente, em geral é uma fácil transição, pois não precisamos fazer isso rápido, ou imediatamente. Porém ao passar de jovem para adulto, existem pessoas que se deparam com um longo caminho e esse foi o meu caso. Minha passagem ocorreu ao termino do 3°ano do ensino médio, período que sem dúvida marcou minha vida, nesse momento deixei de ser estudante colegial, para a vida adulta e hoje sei; que para a vida de estudante universitária. No ano de 2009, conclui o ensino médio e com esse termino, deveria se iniciar uma nova fase com bruscas mudanças, decidir por trabalhar, ou estudar também; continuar o técnico que eu estava fazendo; fazer vestibular ou não; procurar emprego e consegui-lo, mudar de cidade ou continuar na cidade natal, muitas decisões a tomar, sem respostas prontas, era minha vida que estava sendo decidida através de minhas escolhas. Me vi como, uma adolescente que já tinha um relacionamento duradouro e por esse motivo não deveria ser considerada adolescente, mas era assim que eu me via uma jovem estudante do ensino médio, que já namorava e convivia com essa pessoa ha um bom tempo, morava com a mãe, não trabalhava, cursava o ensino técnico que não terminaria junto com o ensino médio, curso que não me atraia a ponto de transformá-lo em profissão. Tenho facilidade de me comunicar com as pessoas e essa habilidade acabou sendo estimulada na escola ao darem a oportunidade de os alunos se expressassem, dessem sua opinião em disciplinas como sociologia, filosofia, entre outras em que os professores davam abertura para discussões. Essas disciplinas serviram de base para minha formação e me ajudaram a ter facilidade em falar, me comunicar abertamente com as pessoas. Dos anos na escola o ultimo ano considero o melhor, já que fui muito bem nas notas e participei da comissão de formatura. Mesmo sem querer me comprometer com a turma, sempre me coloquei a disposição, sendo assim solicitada para os preparativos dela, me envolvi no evento, até o último segundo quando recebi meu canudo em cima do palco, ouvindo os aplausos de todos aqueles que por algum motivo especial estavam lá prestigiando a mim e a meus colegas no fim dessa fase maravilhosa. Hoje me vejo em outro mundo, na realidade o mundo é o mesmo mas a maneira de olhar para ele é que muda. Na universidade uma professora nos questionou sobre como a nossa sociedade que classifica as pessoas, sendo elas de classe alta, média ou baixa. Aí vem a pergunta: quanto tempo você consegue se manter sem trabalhar? E a grande surpresa na resposta nos faz pensar diferente, a partir deste pensamento, podemos perceber que não existem varias classes e sim apenas duas; aqueles que têm condições de viver para o resto da vida sem trabalhar mantendo o mesmo padrão de vida até morrer e os outros que dependem do trabalho, e que poderiam ate ficar um tempo sem trabalhar mas não toda vida; sendo assim a maior parte da população esta na mesma classe. Eu desde pequena pensava “se um dia eu tiver a oportunidade de fazer faculdade quero fazer psicologia”, não me via fazendo outra coisa, sempre fui ligada ao lado humanista, e desejei muito trabalhar com pessoas. Quando chegou o momento, pensei muito em fazer faculdade, mas temporariamente me via impossibilitada, já que não havia feito vestibular e, mesmo se tivesse feito não teria como pagar, me parecia apenas um sonho longe de virar realidade, algo impossível. Minha irmã ficou chateada comigo por eu não ter comentado, disse que poderia me ajudar até que eu conseguisse me manter sozinha na faculdade. Logo me arrependi de não ter feito o vestibular, mas neste mesmo período, ouvi no rádio que haviam sobrado vagas em alguns cursos na universidade local, seria minha chance de ingressar numa universidade. Fiz meu cadastro para psicologia, agora seria só pagar o boleto e fazer o vestibular no inicio de março, me sentia feliz, estava a um passo de realizar um sonho. Ainda no final do ano de 2009 eu fiz o Enem, sem muita esperança de passar, já que tinha achado a prova bastante difícil, nem me importei com a nota, mas quando o resultado veio para minha surpresa havia alcançado mais que a nota média, esta que possibilitou conseguir uma bolsa. Surge então o Serviço Social, procurei naqueles dias saber como era a profissão e tirar algumas dúvidas sobre esta, vendo que poderia trabalhar com meu lado humanista resolvi apostar minhas cartas, deixar nas mãos de Deus, e arriscar ter que ficar longe da família, moradia, namoro, amigos, enfim tudo. Como já dizia Newton, “a toda ação há sempre uma reação”, e daquele momento em diante me descobri uma estudante universitária, independente e com força o suficiente para deixar mãe, irmãos, amigos, namorado enfim família, que hoje levo no peito. Passei a viver com minha irmã que tem 20 anos a mais que eu e que fazia muitos anos que não convivia tanto tempo; com uma prima com que nunca morei junto, em uma cidade nova com o desafio de me tornar uma profissional na assistência social. Hoje converso com a família pela Internet, e por telefonemas e fazendo um balanço da vida vejo que perdi muita coisa com o passar dos anos, mas também ganhei outras e tudo isso só me fez crescer; sei que eu estou no lugar onde eu deveria estar. Da vida acadêmica só espero aprender mais a cada aula, fazer estágios, me preparar para enfim me tornar uma boa profissional, usando as minhas capacidades para proporcionar ao outro uma vida digna e assim quem sabe um dia viveremos a tão sonhada utopia. Como fala música composta por Almir Sater e Renato Teixeira “Cada um de nós compõe a sua história, cada ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz”, eu estou compondo a minha história, e quem sabe eu venha à fazer diferença na vida de outros tantos, na minha busca incessante pela igualdade, dignidade e liberdade das pessoas que compõe a história do nosso mundo.